Quando o Yogue se torna qualificado através da prática da disciplina ética, por abster se de ações ilícitas (YAMA) e da autosuperação (NIYAMA), pode então começar a prática de ASANA e de outras técnicas.
Yoga Bhasya Varana, II. 29
No Ashtanga Yoga, que é o caminho óctuplo apresentado por Sri Patanjali no Yoga Sutra, consta como o primeiro e o segundo passo ao estado de unificação que chamamos Yoga, as “condutas éticas e morais. As proscrições (YAMA) e observância (NIYAMA) respectivamente, são pré requisitos à escolha verdadeira do caminhante. São elas:
YAMA
AHINSA – não-violência.
SATHYA – veracidade.
ASTEYA – não se apropriar, não roubo.
BRAMACHARIA – não desvirtuamento da energia sexual/vital.
APARIGRAHA – desapego.
NIYAMA
SAUCHA – pureza.
SANTOSHA – contentamento.
TAPAS – auto esforço, disciplina, força de vontade.
SWADHYAYA – autoestudo, estudo sobre a escrituras sagradas da humanidade.
ISWARAPRANIDHANA – autoentrega, consagração, devoção, altruísmo.
O terceiro passo desse caminho que independente de credo, orientação religiosa ou cultura específica, que só vem auxiliar o bem viver em harmonia é ASANA – postura, assento, assentamento. Esta é uma das etapas mais conhecidas quando se ouve falar em yoga, talvez pela beleza plástica e os benefícios psicofisícos que elas podem proporcionar ao praticante.
A próxima parte ou etapa é PRANAYAMA – conhecimento, prática de respeito e condução mais refinada da bio energia nos sistemas físico, energético, emocional em direção à sutileza espiritual.
Em seguida os estados mais aprofundados de consciência se revelam como PRATYAHARA: que se manifesta espontaneamente quando criamos condições adequadas oriundas do resgate das reais sensações. Por meio da consciência corporal e respiratórias e do conhecimento dos mecanismos de comunicação entre a mente e os órgãos dos sentidos, e da prática da observação dos mesmos, possibilitando a sua tranquilização e conversão. E quando isso é possível e o aprofundamento se estabelece, ocorre o que significa concentração.
Quando a conversão dos sentidos volta-se para o centro, para a fonte original manifesta-se DHARANA.
Quando isso ocorre, espontaneamente os estados meditativos que apontam para o objetivo do praticante se aprofundam cada vez mais, isso é DHYANA, o sétimo passo.
Então as portas para a comunhão estão se abrindo. SAMADHI é o mergulho em direção ao Estado de Yoga.
Assim sendo, caracteriza-se o Ashtanga Yoga como um meio espiritual, seguro e acessível a quem estiver de coração aberto e alma livre de condicionamentos paralisantes e auto-impostos baseados no medo e em julgamentos que só fazem separar e afastar. Ou para aqueles sinceros, que atentos aos seus limites, escolhas e falhas estāo dispostos a aceitar a Graça que é viver e se responsabilizar pelo resultado de suas escolhas com coragem. É uma via de acesso à nossa mais íntima e profunda humanidade, em direção à realidade última e infinita da qual não fazemos ideia, mas somos parte.
Namaste!
Christyano Eduardo Ricetti
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