Como responder a essa pergunta tão frequente? Costumamos receber a pessoa e conversar com ela para entender o que está pensando sobre a pergunta que nos fez. No entanto, logo percebemos que a pergunta está baseada em um equívoco, em um pré conceito que pouco ou nada têm a ver com nossa proposta. Entendemos que somos a cada dia iniciantes de nós mesmos. Mas, que tivemos a oportunidade de despertar pela manhã renovados após uma boa noite de sono. Com novas possibilidades de vivenciar novas respirações. Segundo nossa vivência de alguns anos de prática e de docência, tivemos a grata satisfação de perceber que “nosso Yoga”, na forma, está muito distante do Yoga da tradição, mas está próximo da nossa realidade física e cultural. Sentimos que não haveria quase nada, se não houvessem as devidas e necessárias adaptações. Culturalmente, aqui no Brasil, exceto os donos da terra, não temos o hábito de estar próximos ao chão em nossos afazeres diários. Perdemos o interesse , ou não tivemos o incentivo de observar, respeitar a natureza e contemplar os seus ciclos. Escolher nossos alimentos de acordo com a sazonalidade e ofícios de acordo com a nossa natureza. As vezes, nem respeitamos nossa urgências fisiológicas, a ponto de desregularmos nosso ciclos internos, ficando assim mais vulneráveis aos desequilíbrios geradores das doenças. Muitas vezes ficamos tão identificados com o que queremos ou fazermos que só nos damos conta de nosso corpo quando alguma parte dele dói, significando que passamos do seu limite. Que temos limites… Então o Yoga disponível, por mais avançado que possa parecer ainda assim, é para iniciante. Temos que aprender a sentar, e assenta. Alinhar nossa postura física com nossa postura interna, e esta, com as sensações, pensamento e ações. Essa prática exige tempo, coragem, as vezes pode se tornar dolorida. Para que esse panorama mude, a prática constante, interessada e sincera é fundamental. Com ela, podemos compreender gradativamente, que não basta forçar, que não basta querer, poder e conseguir a qualquer custo. Mas, conhecer, nos permitirmos observar no dia a dia quais são as atuais e antigas resistências ou fraquezas que impedem o conforto e a estabilidade, para que a respiração cumpra a função vital, flua e nutra nossos tecidos suficientemente. Podemos, reconhecer se estamos sendo verdadeiros, e honestos conosco, se respeitamos nossos limites. E, o quanto podemos ser violentos ou não. E em que medida. Por meio da prática da auto observação, podemos verificar como nos sentimos ao longo do percurso. Entender o que é sensação e pensamento. Sobre a sensibilidade, emoção e também sobre os ritmos. Quando eles se aceleram, quando se acalmam. Sobre as modificações da mente. Podemos constatar, que nosso corpo é resultado. Que fazemos escolhas, algumas menos conscientes que outras, e que elas interferem diretamente na manutenção e expressão físicas. Podemos compreender que isso acontece todos os dias. Podemos verificar que há alguém que pode observar tudo isso, e também os ciclos mentais. Que temos tendências a recorremos aos padrões conhecidos por comodidade, reagido por uma preguiça inconsciente, porém, recorrentemente. Que estamos numa parte do percurso e que o caminho segue sempre. “Nosso yoga” é mais modesto, é pequeno, mas, tem uma intensão, um caminho na direção do Yoga que é unidade com a vida. Se Yoga, fosse uma modalidade física, um jogo, seus participantes teriam que avançar níveis. Competir entre si, e se auto superar até desgastar seus corpos. Yoga, é integração, e não degeneração. Não tem nada de competição, mas tem com refinamento. Enquanto método, é absolutamente prático. E, nosso objetivo de praticantes, e de sempre iniciantes de nós mesmos, é de nos libertamos das condições auto-impostas resultantes de quando nos distraimos do que somos, bastantes identificados com o que temos feito e crendo. É um pouco difícil, de fato, responder à questão referida acima. Porém, seguimos praticando e acolhendo a todas as pessoas que comparecem às “nossas aulas experimentais”, e aprendendo com aquelas que se interessaram por algo além delas. E viram, que não se julga e não se avalia algo que nada se sabe, e alguém que pouco se conhece sem provas muito consistentes. Christyano Eduardo Ricetti.

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