“Esvaziaram o nosso ventre
Logo nós, que temos tanta fome de sentir.
Logo nós que temos tanta fome de viver…”
Gisele T. Ricetti
O padrão de beleza de um corpo esquálido é um contra senso de uma sociedade que não mede esforços para consumir, se encher de alimentos, de imagens, sons, informações. Isso gera nas mulheres um conflito interno de grandes proporções: Você pode se encher, mas deve se esvaziar! Afinal, a máxima de que beleza é fundamental ainda persiste num meio onde academia nada mais é do que um lugar para moldar o corpo como se fosse massinha de modelar.
Então as mulheres desenvolvem transtornos mentais/alimentares. Consomem ininterruptamente informações, fotos, vídeos, áudios. E em seguida precisam “vomitar” tudo isso. Mas nada de fato chega a construir seus corpos, ficam na mente, o estômago não digere e é tudo posto para fora. Junto com todo o excesso de consumo, acaba se desfazendo também de seus princípios familiares, sua base espiritual, como se tudo isso lhes fizesse mal também. E toda tentativa de reconstrução de sua base é frustrada pois acontece somente na cabeça, não chega mais ao coração. Uma nova religião? Desde que seja como EU penso, Uma nova relação? Desde que seja como EU quero. E assim as sensações vão se estinguindo, o corpo morrendo a míngua, faminto que está de sentir.
Esta é a mulher esperada, aquela bem bonitinha, meio quieta, muito vazia, quase sem vida. Afinal é mais fácil lidar com loucuras e neuroses de um corpo sem alma, totalmente previsível, do que com alguém repleta de vida, que sente prazer, que sabe o que quer, que não se corrompe e não se permite vivências vazias, pobres de amor e alegria.
Gisele T. Ricetti