Passar, deixar passar, desapegar, sermos passantes…passagem. Parece que isso seja o conceito ou a tradução para palavra que conhecemos como Páscoa.
Há a possibilidade de sermos passageiro no tempo e na Vida, ou Dela.
Quantas serão as possibilidades e pontos de vista nas travessias que nos convidam? Só saberemos se quisermos. Nas que nos permitimos, quando não nos apegamos ao tradicional bacalhau, e o cochilo que ele nos convida, após a barriga estiver cheia. Mas, ao despertarnos deste, nesta breve viagem que aceitamos, que mesmo sem nos prepararmos tanto mas, que ao assumirmos, sentimos possibilidades.
Afinal, quantos rios podemos atravessar, quanta energia podemos descarregar, e quanta rigidez podemos acalmar, quando somos local de passagem? Ou não, quando nos tornamos o terminal ou queremos dar o ponto final.
Então, que sejamos “mediuns”. Intermediários da fluidez vital de nós mesmos em outra potência, noutra frequência mas ampliada. Menos agente e mais instrumentos. Mas, conscientes porque a hora é agora. Somente este é o momento.
Há que se querer! E querer compreender os corredores, viadutos, as várias pontes, estas que, devemos usar – se quisermos!
E também, quando temporariamente nos tornamos esses locais de passagem. Bem, saber que não os somos, é saudável e necessário, porém, no sentido da utilidade, que diga-se de passage, ou melhor, volto a refletir: por hora. Somos canais de fluidez, na impermanência obvia e não temporária, mas perene. já que as pontes devem permanecer firmes, duras e seguras… que emoções como a angústia, por tentar manter o que não precisa durar, ou a frustração por não conseguir, podemos expressar a leveza de simplesmente viver o que se pode, sem nos pré-ocupar, nos (des)ocupando da auto-importância desmedida, do medo, do sofrimento. Saber que além de podermos permitir passagem, ou impedir, estamos de passagem, parece até que somos passagem. Passagem de um estado de consciência para outro, de um modo de vida para outro. De um condicionado pensamento à leveza da entrega, de uma vida de fazer para ser – talvez a auto-entrega…
E, para isto, encontrar a coragem, e deixar de reagir, e encontrar em nós onde reside a covardia em nossa memória, que vem impedindo a expressão do Amor que ilumina a presente aparente mas, frágil escuridão.
Páscoa, passagem, há que permitirmos ressurgir em nós a Vida que por vezes podemos roubar ou deixar furtar de nós, crendo no que têm feito parte mas, distraídos do que têm sido Tudo!
Namaste!

Christyano Eduardo Ricetti

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