“O saber não é receptivo; o conhecimento é receptivo; conhecer é reproduzir mecanicamente.
O saber é a experiência existencial.
Portanto se seu conhecimento for apenas conhecimento e não sabedoria, a descontração total, Uparati, não ocorrerá. Se você encontrar um sábio autêntico, ele estará totalmente descontraído como uma criança. Totalmente. Aliás, não se pode dizer que uma criança esteja totalmente descontraída. Ela é como uma flor, que não está totalmente descontraída porque se move, sua energia se move; uma criança se move. a descontração total é incomparável, única. Não há comparação para ela.
O silêncio e a paz interior são consequências da descontração total. O silêncio interior, shanti, e a paz interior provém da descontração total. Quem está totalmente descontraído fica em silêncio. Nele, nada acontece, então. Não há acontecimentos porque todo acontecimento é ruído, todo acontecimento faz seu próprio barulho. Então, não há nenhuma experiência interior porque toda experiência perturba o silêncio.
O homem totalmente descontraído permanece em silêncio absoluto. Nada acontece nele. Ele é; simplesmente, ele é. Não há experiência, então – nenhuma experiência, lembre-se bem disso.
Você não terá visões porque visões perturbam. Não verá luzes, não ouvirá sons; não estará tendo uma entrevista com Deus. Nenhuma experiência. Agora, silêncio quer dizer ausência de experiência. Tudo se foi. Você se tornou existência pura – em conhecedor, sem conhecido, sem aquele que experimenta e sem aquilo que é experimentado.
Isso é silêncio.
Se o silêncio não se seguir à descontração total, uparati, então essa descontração foi ilusória; não foi total. Pode ter sido descontração física ou psicológica, mas não total. Não foi uma descontração espontânea; Você, sem dúvida, a forçou.
Podemos forçar até a descontração. Podemos nos impor atitudes. Podemos nos impor o silêncio, sentando-nos como um Buda, como uma estátua de Buda de olhos fechados, como pedra – mas, por dentro, continuaremos as mesmas criaturas tolas. Não fará diferença alguma. A tolice não pode ser expelida; não podemos expelir-la, pois quem a expelirá? Seria a mesma mente tola forçando a si própria: um círculo vicioso. Podemos encontrar muitas mentes tolas, sobretudo na Índia, onde não faltam pessoas sentadas como budas. Elas forçaram essa atitude, transformaram-se em estátuas; mas dentro não aconteceu nada, porque ali não existe o silêncio, consequência inevitável da descontração total”.
Os Upanishads – A essência de seus ensinamentos. Osho, 2015, Editora Cutrix, pág.121-123.